quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vestida de Sentimentos

Acordei, como tantos outros dias, envolta em sonhos e coberta de esperança. Mas, ao levantar, percebi que eles não me aqueciam como antes. Estava de pé, com frio, te olhando deitado, a respiração ritmada, uma expressão tranquila no rosto. Invejei aquela tranquilidade, desde a noite em que deitei na sua cama pela primeira vez nunca mais a senti. O vento gelado que entrava pela fresta entre a porta e o chão trouxe culpa. Peguei-a, embrulhei-a com uma manta de mágoa e pus aos teus pés. Afinal, eu não tinha dúvida: a culpa da minha dor era sua. Suspirei, sentindo a decisão que já tinha tomado. Olhei-te uma última vez. Vesti-me de despedida, te entreguei parte da minha alma partida, e fui. 

Do que não se sabe

Você me lê e acha que sabe o que sinto. Que entende o que eu digo, que consegue desvendar o silêncio que preenche as entrelinhas. 

Você me lê e acha que sabe da minha vida porque vez ou outra digo onde estive, o que li, ou que peça assisti. 

Você me lê e acha que sabe quem eu sou porque escrevo na primeira pessoa e as situações parecem reais. 

Você me lê e acha que sabe o que nem eu sei. Quando escrevo não sei o que sinto, não sei que vida levo, que vida evito, e não faço ideia de quem sou.

Você me lê e acha que sabe, eu escrevo e acho que não sei. E é por isso que continuamos aqui.